O dia primeiro de maio é considerado o Dia Internacional do Trabalho (ou do Trabalhador). Essa data, celebrada em muito lugares ao redor do mundo, foi estabelecida em 1889, na França, durante a Segunda Internacional Socialista, uma reunião que contou com a presença dos principais partidos socialistas e sindicatos trabalhistas de toda a Europa. A comemoração surgiu como forma de homenagear os operários e relembrar as lutas dos trabalhadores por melhores condições de trabalho ao longo da história.
O primeiro dia de maio não foi escolhido ao acaso. Os participantes da Segunda Internacional Socialista quiseram saudar a revolta de Haymarket, que ocorreu no início do mês de maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos. Nessa mobilização, os profissionais reivindicavam a redução da carga horária de trabalho, de 13 horas para 8 horas diárias. Apesar das diversas mortes, entre protestantes e policiais, os trabalhadores conseguiram a redução.
Um ano muito emblemático nessa luta foi o de 1917, já que o Brasil assistiu, pela primeira vez, ao florescer de uma grande greve, conhecida como Greve Geral. Em busca de acabar com as condições desumanas de trabalho, os operários de vários comércios e indústrias, principalmente em São Paulo, paralisaram praticamente todas as fábricas. O estopim da greve ocorreu no dia nove de julho de 1917, quando o sapateiro anarquista José Martinez, que estava em uma passeata na cidade de São Paulo, foi morto pela polícia. Os trabalhadores se comoveram e se revoltaram com a morte do operário, e mais de 50 mil paulistanos, cerca de 10% da população da cidade, seguiram com as manifestações.
Segundo informações obtidas no site do Senado, mesmo após 30 anos do fim da escravidão, os patrões ainda cultivavam algumas nuances da crueldade e da desumanidade herdadas daquela época. A classe política era pouco engajada na luta operária, o legislativo frequentemente propunha projetos, porém, como se tratava de um assunto que atingia vários interesses, e tendo em vista as eleições, essas iniciativas acabavam sendo engavetadas.
Cabe destacar que os imigrantes anarquistas espanhóis e italianos, principalmente estes, exerceram um papel fundamental nas greves no Brasil. Foram eles que, com a efervescência do que acontecia na Europa, trouxeram diversos conceitos sobre reivindicações de direitos, socialismo, capitalismo, anarquia etc., para o Brasil, o que aflorou ainda mais os ânimos dos trabalhadores.
Foi durante essa época que os primeiros acordos que favoreciam os operários foram feitos. Dentre eles, estava o “perdão” dos grevistas, o direito de associação dos trabalhadores, um aumento de 20% no salário etc. Porém, pouco tempo depois, os patrões recuaram. Somente em 1924, após novas reivindicações, é que novas leis foram criadas e o dia primeiro de maio foi consolidado no Brasil.
Escrito por:
Isabela Gusmão
Vice Diretoria do Departammento de Pesquisa do Instituto Athenas
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